Não é preciso referir a censura do Estado Novo, como a SIC fez – e muito bem – no Jornal da Noite de ontem.
Não é preciso lembrar as primeiras eleições livres em Portugal, como fez o Expresso no seu trabalho sobre o caminho para a Assembleia Constituinte. Não é preciso ir longe na breve história da nossa democracia em busca de momentos ilustrativos.
Basta estar atento agora.
Já várias vezes, na legislatura actual, o aparecimento de um documento na imprensa e consequentes reações fizeram partidos ou grupos parlamentares inverter sentido de marcha. Não é importante a análise caso a caso para este ponto. Basta esta constatação para demonstrar a importância de uma comunicação social livre.
Escrevo isto não só para mostrar repúdio pelo projeto – agora órfão – de criar uma comissão para aprovar previamente os planos de acompanhamento da campanha eleitoral dos meios de comunicação social. Escrevo também para lembrar (e para me lembrar) do valor da democracia e do trabalho que é preciso fazer para que ela seja real, para que se mantenha, para que se possa aprofundar.
A informação, a participação do cidadão, a responsabilização do representante ou governante são condições que definem uma verdadeira democracia.
Hoje é 25 de Abril. Celebremos os 41 anos. Celebremos os 40 anos. Mas este ano – como noutros – celebremos com a tristeza de constatar a fragilidade do que conquistámos e temos como definitivo. Que nos seja útil.
Viva a liberdade!