PORTUGAL SEM O EURO?
Com a crise, a maioria dos partidos políticos da esquerda defende a saída do Euro. A exceção vai para dois partidos: o PS e o LIVRE. Este último tem apresentado bons argumentos para defender a sua posição. Há duas maneiras de sair do Euro:
- Portugal abandona o Euro mas mantém-se na União Europeia (UE). Para esta opção ter lugar, teria de haver uma derrogação especial. Isto é, todos os Estados-Membros da EU (os 28) concordariam com a saída de Portugal, e essa alteração teria de passar para os Tratados. No entanto, sabemos que países como a Finlândia ou a Eslováquia iriam impossibilitar um processo já de si longo;
- Como isto não irá acontecer, para o nosso país abandonar o Euro teria de deixar a UE. Para isso seria necessário rasgar os tratados já assinados, com todas as desvantagens que daí adviriam. Iríamos ficar isolados economicamente, iríamos ter mais dificuldade em exportar e as trocas comerciais com outros países iriam envolver mais burocracias, uma vez que os acordos comerciais foram feitos com a UE da qual Portugal faz parte. Saindo da União, teríamos de recuar à situação de há 30 anos (antes da entrada no Mercado único) e estabelecer novos acordos.
Resumindo estes dois pontos: na situação atual, sair do euro implica sair da UE, o que por sua vez implica ficarmos ainda mais pobres.
Mas a situação ainda piora: rasgar os tratados europeus implica rasgar o acordo de Schengen, o tal que nos permite circular livremente pelo espaço europeu. Se isto acontecesse, os milhões de portugueses na diáspora teriam de se voltar a legalizar nos consulados, causando transtorno a esses conterrâneos que se viram forçados a migrar.
Por todas estas razões, o LIVRE defende a permanência na UE com o Euro.
CIÊNCIA SEM O EURO?
E o que aconteceria à Ciência saindo da UE? Ficaria privada dos fundos estruturais que nos chegam da União, não havendo dinheiro para pagar aos centros de investigação nem aos investigadores, aumentando o desemprego (direto e indireto).
Sem investigação, terminaria a inovação, ficaríamos atrasados tecnologicamente face aos outros países, tornando-nos mais pobres. Os conhecimentos científicos e tecnológicos são hoje importantes motores económicos.
Sem ciência e tecnologia também a área da saúde seria afetada: teríamos menos fármacos e menos acesso a certos tratamentos.
De maneira simplista, estes problemas resolvem-se de duas maneiras: através da recusa da austeridade e implementando políticas de investimento em alturas de contraciclo económico (entre muitas outras); e refundando a UE resgatando os seus valores iniciais da coesão e solidariedade entre os povos. Ainda há esperança.
Texto de João Monteiro