Clinton vs Trump

Os resultados de mais uma “super terça-feira” nas eleições primárias para a escolha dos candidatos à presidência dos Estados Unidos trouxeram algumas conclusões importantes. Embora restem ainda vários estados a ir a votos e se mantenha possível uma candidatura independente e de peso no campo republicano, parece ser cada vez mais certo que o embate final será entre Hillary Clinton pelo partido Democrata e Donald Trump pelo partido Republicano. Se, do lado democrata, Hillary acaba por ser a candidata “lógica”, nada, ainda há bem poucos meses, faria prever que uma personagem como Donald Trump pudesse conseguir a nomeação republicana, assente num discurso extremamente agressivo e, em vários capítulos, bem mais conservador do que aquilo a que o próprio Trump havia habituado os americanos – note-se que, ao longo dos anos, o candidato tem apoiado sobretudo o partido democrata.

Contrariamente à grande maioria dos prognósticos feitos antes do início do processo de eleições primárias, Hillary Clinton não está a ter um simples passeio até à nomeação. Sendo verdade que os resultados das primárias realizadas ontem (16/03) parecem ter confirmado o seu favoritismo e afastado definitivamente (?) Bernie Sanders da nomeação, não é menos verdade que o senador do Vermont se revelou um adversário difícil de bater. Com 74 anos e um longo historial na defesa dos direitos cívicos nos Estados Unidos, Sanders tem sido uma verdadeira lufada de ar fresco nesta campanha, falando directamente aos 99% dos americanos que vivem com maiores ou menores dificuldades, num país onde as desigualdades sociais se têm alargado. Com um discurso aguerrido e sensato, o senador atraiu muitos americanos, sobretudo jovens, ansiosos por encontrar uma alternativa ao establishment que os possa ajudar a definir um rumo novo para o país. Não sendo ainda impossível, a sua nomeação está cada vez mais distante mas, apesar disso, Sanders é já um dos vencedores destas eleições.

No que diz respeito ao partido Republicano, aquilo que começou por parecer uma impossibilidade, parece-se cada vez mais a uma inevitabilidade. Donald Trump, magnata americano e estrela mediática, está a um pequeno passo de conseguir a nomeação como candidato à presidência. Pelo caminho ficaram já Ben Carson – um dos principais candidatos antes do início das votações – e, desde ontem, Marco Rubio que se assumia como o candidato da lucidez quando comparado com Trump ou Ted Cruz.

O que mais assusta nesta previsão é o facto de Donald Trump assentar a sua campanha no discurso do ódio e da violência, assumindo-o como sendo simplesmente politicamente incorrecto mas necessário. O cansaço dos americanos em relação à política pode ajudar a perceber o fenómeno mas não é a única explicação. Olhando para o perfil dos votantes em Trump, percebe-se que tem mais sucesso junto dos cidadãos mais atingidos pelos problemas económicos bem como dos que têm menor nível de educação. Estes são dois aspectos que reflectem também as desigualdades do país e que urge corrigir.

A confirmar-se o cenário Hillary contra Trump, não pode haver lugar a dúvidas. Entre uma candidata que, tendo várias falhas, dá garantias de uma presidência na linha de Obama e um candidato irascível e com um discurso racista e xenófobo, não pode haver hesitações. Democratas e republicanos terão que saber optar por aquele que será o melhor presidente para o seu país e, por extensão, para o próprio planeta.

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